quarta-feira, 1 de abril de 2009

NEw LYric – post [XI]


[1] Continuam falando em democracia e civilização. Não é verdade? Aposto que não teriam coragem de falar assim se eu não estivesse vivo. Nada disso. Traga água! Saia! Deixe-nos a sós. Ouça! Será melhor para todos nós. Não faz diferença para mim. Eu não quis dizer isso. Existe um documento comprometedor escondido nesse quarto. Queima de arquivo.

[2] O que foi? O que estamos fazendo aqui? Você vai receber sua grana, mas tem toda uma burocracia. Espero que tenha razão. Essa é nossa última cartada. Tem um alvo? Como uma boa mulher. Um rosto conhecido, familiar. Vou cumprir a minha parte no trato e advinha! Você vai cumprir a sua! Acho que já disse isso antes. É muito perigoso. O cara é aliado do pai dela. Sabe quem eu sou? Temos uma coisa. A fita? Afinal, o que tem nessa fita? Tem um terno azul? Sim. Vista e... ponha uma gravata vermelha. Assim posso identificá-lo. Desculpe-me por deixá-lo esperando.

[3] Eu vi um anúncio atrás de um ponto de ônibus hoje. Lamento não ter entendido. Pode começar de novo. Claro... filho! Esta é a sua casa. Não vim aqui para ameaçá-lo. Você se deu muito bem à custa do meu pai. Por que sumiu? Nenhum telefonema? Meu telefone foi grampeado. Se você não pode confiar em mim, então a única coisa que posso desejar para você é sorte. Ouve uma mudança de planos. Querem desligar os microfones, caso eles tenham escuta. Está vendo aquele prédio lá na frente? Entra e fica nele, com o celular na orelha. Faça exatamente o que eu disser. Estou no saguão. Então, suba a escada e depois desça até ao subsolo. Estou procurando um cara de gravata vermelha. Acerta o alvo. O que eu preciso é de uma morte sem perguntas. Eu sei que ele vai me responder em breve. Nós dois temos um trato, não é? Só quero que saiba que vou cumprir o que prometi, mas eu preciso de sua ajuda.

[4] Eu pensava em você todos os dias. É só uma teoria, mas dê uma olhada nesses extratos bancários. De onde vem a falência. Ele não mentiu no tribunal. São registros confidenciais. Nos bairros da zona oeste da cidade, todas as ruas foram fechadas ao trânsito. Fiquei desacordado, não sei para onde foram. Voltaram para a cidade. Quantas vezes eu vou ter que provar quem eu sou. Você está com a fita? Temos que ir logo. Aonde nós vamos? Saber se essa fita vai parar em mãos certas. Por favor, vamos voltar ao meu carro? Ele está há alguns quarteirões daqui.

[5] A fita não é útil judicialmente. Vamos chantageá-la. Uma chantagem em troca do quê? Deixe-me ver o mapa do parque. Onde este homem está hospedado? Porque estava perto do telefone. Estátua, fonte, prédio... ali, naquele hotel. Onde está? Está colado em um... Atenção, por favor! Quando é que vai servir o almoço? Só um instante. Biscoito e saquinhos de cereais. Que foi? Isso é impossível. Sentiu isso? Eu falei que tudo ia dar certo. Eu tenho que ir para casa agora.

[6] Exigia mais dinheiro. As exigências aumentavam. Ele não denunciou a extorsão. Por que não a fez recuar. Ela não tinha opção. Tentou drogas de fertilidade. Isso é estranho. Por que ela tinha dois ginecologistas? Um mandado de busca. Ainda não falei com as enfermeiras. Já disse, não tenho permissão para falar. Eu não posso falar sobre as pacientes. Ela fazia tratamentos de fertilidade? Ao contrário, ela não queria engravidar nunca, nem daqui a um milhão de anos.

[7] Na noite do crime, como a sua esposa reagiu quando chegou em casa? Achei estranho que ela tenha chegado tarde. Se ela engravida, ele se livra dela na hora. Ele reservava um quarto para as suas parceiras. Pareciam íntimos durante o jantar. Tinha um restaurante que ele queria experimentar. Não estava perseguindo ninguém. Tem idéia de quem era o cara? Sabia que sua esposa estava tendo um caso, tomando pílulas. Os viram se abraçando no parque. Ela nunca quis ter um bebê: engordar, ter celulites e estrias. Era obcecada com o peso e era alpinista social. Não vou falar mais nada, enquanto o meu advogado não chegar. Sempre diz isso, mas não para de falar. Olhei os laudos periciais. Vou ver uma ordem de busca. Podemos provar que ele esteve lá. Estavam na casa dele? No sofá. Ouvimos a porta bater. Entrou na casa em instantes e os viu em flagrante delito. Só nós dois sabíamos o que tinha acontecido naquela casa.

[8] Nem todo mundo tem a mente desconfiada de um promotor nem a mente de um repórter em ação. Pelo visto ela tem uma história e não quer que ninguém conte. Está falando do quê?

©2009 juNIn

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